quarta-feira, 6 de maio de 2009

Porquê... - 01.09.08

Porque tudo aconteceu naturalmente e não tivemos que forçar nada. Foi inevitável.
Porque me conquistaste e nos apaixonámos com tamanha força que tudo parecia fazer parte de um sonho.
Porque nos desfaziamos em sorrisos.
Porque davamos graças por nos termos encontrado e pareciamos nem acreditar.
Porque tinha muito orgulho em ti, eras linda de morrer, inteligente, meiga e dedicada.
Porque tinhas muita piada e cantavas músicas parolas, só para me fazer rir.
Porque a tua opinião era muito importante para mim e era sempre estimulante discutir contigo.
Porque era difícil estarmos longe uma da outra sem doer.
Porque me dizias que uma noite sem mim debaixo dos lençois era muito triste.
Porque era tão bom passar horas a fio a fazer-te festinhas na cabeça e aninhar-me no teu peito quando estávamos no sofá.
Porque escondias segredos debaixo da minha pele.
Porque nos conheciamos tão bem e nos queriamos tanto.
Porque dizias aos teus amigos que eu era a mulher da tua vida e me fazias tão feliz.
Porque me chamavas princesa, bebé, pequeninha, pitxula, piolhica, babicha, cheasecake, conguita, moranguinha e todos os nomes ridículos que só diz quem ama.
Porque sentia um friozinho na barriga quando nos beijávamos e uma paz imensa quando estava na tua companhia.
Porque me emocionavas e só tu me sabias tocar.
Porque dizias que querias filhos meus e me escrevias coisas lindas.
Porque nos desmanchávamos a rir com o cavalinho e o Antoine Doinelle.
Porque no Natal me dizias que só me querias a mim no teu sapatinho.
Porque nos tínhamos uma à outra e nos dizíamos que tudo ia correr bem, acontecesse o que acontecesse.

Porque sinto falta dos abraços e carinhos enquanto cozinhávamos.
Porque sinto saudades da tua forma desajeitada de deitar água num copo, molhando tudo em volta.
Porque chego a sentir saudades da tua caligrafia, do teu traço e das casas que desenhavas para nós à noite, antes de dormirmos.
Porque me fazem falta as manhãs dos fins-de-semana, depois de uma semana dura de trabalho, passadas na cama, no nosso ninho do amor, como lhe chamavas.
Porque até da forma como me perguntavas se tinhas o nariz sujo, fazendo uma cara feia, eu sinto falta.
Porque olho para as palavras cruzadas dos jornais e só me consigo lembrar de ti.
Porque me afeiçoei à tua família e ainda que não convivesse muito com ela até dela sinto falta.
Porque as minhas pernas ainda tremem quando te vejo e o meu coração ainda corre disparado quando ouve o teu nome.
Porque ainda invades os meus sonhos e por vezes ainda acordo a meio da noite confusa, com a sensação que te tenho ao meu lado.

Porque me magoaste imensuravelmente, foste cruel, insensível e egoísta, como eu nunca pensei que fosses capaz.
Porque não te reconhecia na pessoa em que te tinhas transformado e tentava desculpar-te a todo o custo, procurando em ti a R. que me dizia tanto e me fazia tão bem.
Porque tenho ainda um buraco dentro de mim e parece que nada nem ninguém o consegue preencher.
Porque por mais que eu viva e por piores que tenham sido os últimos meses, sou constantemente bombardeada com os nossos momentos felizes.
Porque tenho tudo muito presente. Todo o encantamento, as casas, as viagens, os rituais diários da nossa vida em conjunto... todos os detalhes. E porque ao mesmo tempo que tenho medo de me esquecer deles, receio estar para sempre prisioneira destas memórias.
Porque estávamos as duas lá e eu sabia que tudo aquilo era recíproco, que tudo o que era dito tinha significado e era realmente sentido.
Porque tens de deixar de ocupar este lugar na minha cabeça, no meu coração.
Porque me quero sentir arrebatada de novo e entregar-me por inteiro.
Porque começo a deixar que outras pessoas entrem na minha vida, mas tenho medo.
Porque o que nós tínhamos era tão lindo e ainda assim acabou.

Porque um dia adiei e adiei e adiei, como se adivinhasse o quanto ia doer...

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