quarta-feira, 6 de maio de 2009

Ruptura - 15.01.09

Ao meu amor renuncio... de ti me esvazio.

Por favor! - 30.12.08

Alguém que me ensine como tirar isto de dentro de mim... por favor!

Pufff - 28.12.08

Digo-te que não me perdoo de ter deixado escapar a coisa mais bonita que já me aconteceu. Respondes-me que não tenho culpa.
Por mais que tente, acho que nunca perceberei o momento do pufff...
Como se pode sentir tudo aquilo que sentimos... a plenitude que alcançámos... e de um momento para o outro isso ficar tudo para trás. Não me entra... não entendo.

A Derrocada - 27.12.08

Estou no interior de uma casa velha desabitada e o telhado acabou de ruir. Não encontro forma de sair dos escombros. Estou demasiado subterrada... esgotada. Preciso de ajuda. Alguém que me recorde que vale a pena acreditar.

Mais uma viagem - 21.12.08

Mais uma viagem. Pouso a mochila. Tiro o bilhete e ponho-o num lugar à mão, de modo a não ter que me mexer muito quando o revisor aparecer. Aconchego-me junto da janela. Encosto a cabeça e deixo-me ficar.
O comboio está praticamente vazio. Um homem grande, de meia idade, senta-se ao meu lado. Tira o jornal, abre-o nas palavras cruzadas, coloca-o no colo, tira uma caneta do bolso e dá início àquilo que parece ser o passatempo da sua vida. O seu braço dobrado apoia-se quase imperceptivelmente na minha perna e o calor do seu corpo cruza-se com o meu. Apercebo-me pelas letras do jornal que me são desconhecidas que se trata de um homem do leste.
O revisor aproxima-se. Dou-lhe o bilhete para picar. Ao devolver-mo, o bilhete cai ao chão, mas o estrangeiro apanha-o de imediato e entrega-mo. Sorrio-lhe e digo-lhe obrigada. Ele olha-me com simpatia, acena com a cabeça e regressa às palavras cruzadas.
Estou exausta. Volto a aconchegar-me. Fecho os olhos e deixo-me ficar.
Quem dera que o comboio me levasse para fora de mim...

Sempre que te vejo - 20.12.08

Sempre que te vejo o meu mundo desaba.
Falo ao meu coração. Tento sossegá-lo. Mas ele não me obedece.
Às vezes gostava de simplesmente não sentir, não sentir de todo. O sofrimento não teria este tamanho, nem me consumiria desta forma.
Guardo os nossos objectos comuns numa caixinha. Tiro as nossas fotografias do computador para não ceder ao impulso de vê-las mais uma vez. Compro lençois novos. Reorganizo-me. Estabeleço novas metas. Trabalho. Envolvo-me noutros projectos. Viajo. Estou com amigos e família. Consumo música como quem devora chocolate. Conheço outras pessoas.

Abstraio-me de tudo. Dou por mim a olhar para o verde do parque do lado de lá da janela e a pensar naquela manhã em que parte de mim morreu. Faço um esforço por voltar a concentrar-me naquilo que estava a fazer. Em pouco mais de cinco minutos torno a flagrar-me.
Sempre disseste que serias incapaz de me magoar. Sinto-me desacreditada. Gostava de perceber tanta coisa.
Procuro convencer-me de que o futuro me reserva ainda muitas alegrias. Sorrio. Tenho acessos de optimismo. Mas rapidamente a saudade toma conta de mim.

Sempre que te vejo o meu mundo desaba.
Assim como apareceste na minha vida quando eu menos esperava, da mesma forma saíste dela. Não quero perder o contacto contigo. Foste a pessoa que eu mais amei, a pessoa que mais me fez feliz. Mas penso que tudo seria mais simples se não habitássemos a mesma cidade.
Dói muito não te poder dar todo o amor que, contra todas as correntes, ainda sobrevive cá dentro. Dói muito ver o carinho e a atenção que em tempos me eram dirigidos serem endereçados a outra pessoa. E dói mais ainda não teres a sensibilidade para o perceber e forçares situações de encontro.
Não desejo mal a ninguém. Mas não quero ser testemunha de algo que, por mais que eu lute contra, me traz ainda tanta dor. Porque sabes que sou verdadeira, não sei mentir e não posso agir como se estivesse felicíssima, quando na realidade está tudo tão vivo dentro de mim.

Passado todo este tempo, ainda me custa inestimavelmente levantar da cama de manhã e enfrentar mais um dia sem o teu amor. Manhã atrás de manhã, adio o despertador consecutivamente até não poder mais. À noite chego a casa e continuo a adiar a minha vida. Adio trabalhar no que realmente importa, adio todos os meus pequenos projectos e, mesmo sabendo que devia descansar, adio a hora de ir para a cama e deixo-me ficar a pastelar, entre pensamentos e conversas.

Sempre que te vejo o meu mundo desaba.
Dizes-me que nunca deixaste de me amar, que sentes muita culpa e que todos os dias te angustias quando pensas que ainda posso estar a sofrer. Dizes-me que não me mereceste e que querias muito que me aparecesse alguém melhor. Fazes-me repetidamente a mesma pergunta: “Já apareceu alguém?” – como se ansiasses tirar um peso de cima dos teus ombros para finalmente te sentires em paz contigo. Respondo-te que também eu gostava muito que aparecesse alguém... mas que as coisas não são assim tão simples e não basta estalar os dedos.
Sei que a vida não espera por nós. Mas não encontro maneira de deixar de sentir tudo isto. Não sou uma máquina nem tenho um botão para desligar... antes tivesse.

Sempre que te vejo o meu mundo desaba.
Os pensamentos atropelam-se. As palavras não saiem exactamente como eu quero. A confusão instala-se. A cabeça lateja.
Sinto que ficou tanto por dizer...

Boogie Nights - 06.12.08

Ferve-me o sangue. Preciso de escrever.
Tenho caneta. Falta-me o papel. Arranjar papel branco. Encontrar papel já. Dava tudo por um pedaço de papel.
Olho para os empregados atrás do balcão. Não acredito que me possam ajudar. Perco a vergonha. Dirijo-me ao J. e peço-lhe, desajeitadamente, papel branco. Ele sorri, oferece-se para rasgar algumas folhas do seu moleskine que tira prontamente da mochila, mas eu retribuo-lhe o sorriso e digo-lhe que não, que não queria que o fizesse. Ele pisca-me o olho e diz “trago-te já”.
Torno a sentar-me, desta feita de caneta em punho e papel nos joelhos. Vamos ver o que sai...

A casa está à média luz, a música tem o volume, o ritmo certos e o borburinho das pessoas que vão chegando preenche todos os espaços vazios, do chão de madeira que range a cada passo dado ao estuque branco do tecto que não esconde as marcas do tempo e da humidade. Fascina-me o incrível pé direito deste bar. Creio que deslumbra qualquer um.
Mais um concerto. A cidade anda com uma boa energia.
As mesas estão todas ocupadas. As pessoas conversam, riem, tomam café, bebem uma cerveja ou um copo de vinho, enquanto se faz tempo para o início da festa de mais uma noite de música, dança e do expulsar de todos os males da semana (ou do comemorar de todos os bens).
Uns vão lá parar por mero acaso. Outros aguardam ansiosamente que aquele dia chegue para finalmente se poderem libertar. Mas todos procuram o mesmo. Alegria, diversão.
Deixo-me absorver pela energia que sobrevoa o ar. Sinto a música dentro de mim, como se eu mesma fosse a caixa de ressonância. Deixo o meu corpo segui-la, acompanhá-la. O coração bate no mesmo compasso, a cabeça agita-se antes de eu me dar conta e os pés não pedem licença para dançar. Percorre-me da ponta dos dedos ao sorriso estampado no rosto uma enorme satisfação. A cintura ondula, o tronco contorce-se, as pernas frenéticas e os braços inquietos marcam a cadência.
Por momentos parece que tudo se encaixa. Os amigos estão lá, os desconhecidos olham-nos com simpatia. Toda a gente salta e se abana. Os namorados trocam carinhos como se o mundo acabasse amanhã. Os mais extrovertidos fazem as suas tentativas de aproximação, na sua maioria mal sucedidas, mas não ficam tristes por isso.
Música atrás de música, danço e danço e danço... até sentir os órgãos todos no seu lugar, o estômago colado às costas, o abdómen e ventre firmes.
As horas passam. A música não pára, não quebra, não há qualquer pausa.
Aos poucos a sala vai-se esvaziando até à altura em que os outros bares fecham e todos os resistentes vêm cá parar para terminar a noite. O ambiente é de festa... de mais uma noite cumprida.

Fecho os olhos e deixo-me absorver pela energia que sobrevoa o ar.
Por momentos parece que tudo se encaixa. Mas faltas lá tu.

Dirigimo-nos até à porta. Já é de manhã.

Rituais - 29.11.08

Sempre que posso, encho a banheira de água, deito-me nela e faço disso um ritual.
Mergulho-me até aos olhos... procuro esvaziar-me.
Olho o tecto, mas vejo tudo menos o tecto. Penso e repenso. Revejo tudo. Sinto-me submersa de saudades. Tento desligar o cérebro por uns minutos.
Deixo-me ficar até a água arrefecer e sentir a pele completamente enrugada.
Queria arrancar-te de dentro de mim. Por mais que me esforce, não consigo, não consigo.

O Coração - 13.11.08

O coração bate acelerado, descompassado, completamente descontrolado. Pergunto-me como não o ouves. Como não o sentes pular fora do ritmo. Como não o vês sair-me pela boca. Arrepio-me. Tremo. Sinto frio e calor. Tento parecer estar calma. Mas sinto o estomago às voltas e nada do que me digo tem efeito sobre mim mesma.
Gostava que fosse diferente. Queria muito que fosse diferente.

Porquê... - 01.09.08

Porque tudo aconteceu naturalmente e não tivemos que forçar nada. Foi inevitável.
Porque me conquistaste e nos apaixonámos com tamanha força que tudo parecia fazer parte de um sonho.
Porque nos desfaziamos em sorrisos.
Porque davamos graças por nos termos encontrado e pareciamos nem acreditar.
Porque tinha muito orgulho em ti, eras linda de morrer, inteligente, meiga e dedicada.
Porque tinhas muita piada e cantavas músicas parolas, só para me fazer rir.
Porque a tua opinião era muito importante para mim e era sempre estimulante discutir contigo.
Porque era difícil estarmos longe uma da outra sem doer.
Porque me dizias que uma noite sem mim debaixo dos lençois era muito triste.
Porque era tão bom passar horas a fio a fazer-te festinhas na cabeça e aninhar-me no teu peito quando estávamos no sofá.
Porque escondias segredos debaixo da minha pele.
Porque nos conheciamos tão bem e nos queriamos tanto.
Porque dizias aos teus amigos que eu era a mulher da tua vida e me fazias tão feliz.
Porque me chamavas princesa, bebé, pequeninha, pitxula, piolhica, babicha, cheasecake, conguita, moranguinha e todos os nomes ridículos que só diz quem ama.
Porque sentia um friozinho na barriga quando nos beijávamos e uma paz imensa quando estava na tua companhia.
Porque me emocionavas e só tu me sabias tocar.
Porque dizias que querias filhos meus e me escrevias coisas lindas.
Porque nos desmanchávamos a rir com o cavalinho e o Antoine Doinelle.
Porque no Natal me dizias que só me querias a mim no teu sapatinho.
Porque nos tínhamos uma à outra e nos dizíamos que tudo ia correr bem, acontecesse o que acontecesse.

Porque sinto falta dos abraços e carinhos enquanto cozinhávamos.
Porque sinto saudades da tua forma desajeitada de deitar água num copo, molhando tudo em volta.
Porque chego a sentir saudades da tua caligrafia, do teu traço e das casas que desenhavas para nós à noite, antes de dormirmos.
Porque me fazem falta as manhãs dos fins-de-semana, depois de uma semana dura de trabalho, passadas na cama, no nosso ninho do amor, como lhe chamavas.
Porque até da forma como me perguntavas se tinhas o nariz sujo, fazendo uma cara feia, eu sinto falta.
Porque olho para as palavras cruzadas dos jornais e só me consigo lembrar de ti.
Porque me afeiçoei à tua família e ainda que não convivesse muito com ela até dela sinto falta.
Porque as minhas pernas ainda tremem quando te vejo e o meu coração ainda corre disparado quando ouve o teu nome.
Porque ainda invades os meus sonhos e por vezes ainda acordo a meio da noite confusa, com a sensação que te tenho ao meu lado.

Porque me magoaste imensuravelmente, foste cruel, insensível e egoísta, como eu nunca pensei que fosses capaz.
Porque não te reconhecia na pessoa em que te tinhas transformado e tentava desculpar-te a todo o custo, procurando em ti a R. que me dizia tanto e me fazia tão bem.
Porque tenho ainda um buraco dentro de mim e parece que nada nem ninguém o consegue preencher.
Porque por mais que eu viva e por piores que tenham sido os últimos meses, sou constantemente bombardeada com os nossos momentos felizes.
Porque tenho tudo muito presente. Todo o encantamento, as casas, as viagens, os rituais diários da nossa vida em conjunto... todos os detalhes. E porque ao mesmo tempo que tenho medo de me esquecer deles, receio estar para sempre prisioneira destas memórias.
Porque estávamos as duas lá e eu sabia que tudo aquilo era recíproco, que tudo o que era dito tinha significado e era realmente sentido.
Porque tens de deixar de ocupar este lugar na minha cabeça, no meu coração.
Porque me quero sentir arrebatada de novo e entregar-me por inteiro.
Porque começo a deixar que outras pessoas entrem na minha vida, mas tenho medo.
Porque o que nós tínhamos era tão lindo e ainda assim acabou.

Porque um dia adiei e adiei e adiei, como se adivinhasse o quanto ia doer...